Entrevista com a Sommelière Adriana Louback no Nosso Bistrô

Adriana Louback, uma apaixonada pelo mundo dos vinhos, compartilhou um pouco de sua jornada e expertise em uma entrevista exclusiva no Nosso Bistrô. Com um início de carreira inusitado na indústria farmacêutica, Adriana encontrou no vinho uma paixão que transformou sua vida profissional.

 

Início da Carreira

Adriana começou sua trajetória profissional como representante na indústria farmacêutica, onde trabalhou por 20 anos. Durante suas visitas à classe médica, ela buscava oferecer algo diferente e foi assim que se aventurou no mundo dos vinhos. “Meu primeiro curso de sommelier foi com esse objetivo e eu acabei me apaixonando”, conta Adriana, atribuindo seu início nessa área à classe médica.

Desafios e Encantamentos

Curiosamente, Adriana revela que nunca enfrentou grandes desafios em sua carreira de sommelière. Para ela, tudo fluiu de forma natural, como se estivesse destinado a acontecer.

O que mais a encanta no universo dos vinhos é a generosidade dessa bebida: “Cada garrafa é única, cada produtor tem sua história. É um mundo de descobertas que nos coloca em uma posição de humildade”, destaca Adriana.

“Você descobre mais a cada vez que abre uma garrafa. Eu acho que esse mundo de descobertas pra mim é fascinante e a posição que o vinho nos coloca: muita humildade. O vinho é feito e elaborado pela natureza, então nos coloca sempre nessa posição de humildade.”

Inspirações e Recomendação de Vinhos para o Inverno

Admiradora de profissionais humildes e dispostos a aprender e ensinar, Adriana valoriza a troca de conhecimentos.

“Eu admiro o profissional que se coloca sempre, por mais que ele saiba, ele reconhece que não sabe de tudo. Pra mim, um profissional que se coloca à disposição de aprender e ensinar, esse profissional eu já admiro.”

Para os meses de inverno, ela recomenda vinhos mais encorpados e com maior teor alcoólico, como Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat e Ancellotta. “Esses vinhos têm estrutura para harmonizar com pratos mais robustos e gordurosos, típicos dessa estação”, explica.

“Tudo que brasileiro a maioria gosta aparentemente, são os Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat, e Antilota, uma uva italiana da região do Veneto que elabora frisantes no Norte da italia que é chamado de Lambrusco. Uvas com muita cor, vinhos com muito corpo, com muito tânino… uma bebida que tenha peso, que tenha estrutura que você sinta aquela estrutura.”

Características e Temperatura de Serviço

A originalidade e a representatividade do terroir são características fundamentais que Adriana busca em um vinho.

“Eu procuro no vinho a originalidade, ele representa de onde veio. Pra mim, ele tem que ser original, tem que representar aquela região, tem que representar a filosofia de quem fez.”

Ela enfatiza a importância da temperatura de serviço adequada para cada estilo de vinho, pois isso pode influenciar significativamente a experiência de degustação.

“Totalmente, no inverno, no verão, no outono, na primavera, totalmente o serviço do vinho pode influenciar na sua experiência. Por isso que cada estilo de vinho tem a temperatura correta para ser servido.”

Erros Comuns e Tendências no Mundo dos Vinhos

Adriana aponta que um dos erros mais comuns é subestimar os vinhos brasileiros e não explorar novas variedades.

“Achar que vinho brasileiro não é bom. O julgamento com o vinho doce, as pessoas acham que elas evoluíram no mundo do vinho e elas não podem mais beber vinhos doces. E o grande “erro” pra mim é sempre provar os mesmos rótulos, os mesmos vinhos, as mesmas garrafas e só conhecer uma uva ‘não eu só gosto dessa uva’, isso é um grande erro porque ela acaba ficando presa, ela não evolui sensorialmente.”

Ela acredita que o Brasil está se consolidando como um grande produtor de vinhos, com diversas regiões do país entrando na produção.

“Tirando o norte do Brasil, todas as regiões hoje produzem vinho, e não só o Rio Grande do Sul, mas Santa Catarina, o próprio Rio de Janeiro, Espírito Santo, o nordeste do nosso país, Brasília. Então assim, o nosso país virou, se tornou um grande celeiro produtor de vinhos no mundo. Então acho que a gente tem que conhecer a prata da casa, o que temos aqui no Brasil e desbravar e não comparar com vinhos da Argentina, do Uruguai, do Chile, não. Nós temos a nossa cara, o nosso vinho.”

Planos Futuros e Dicas para Amantes do Vinho

Recém-chegada da França com formações em degustação intuitiva e geosensorial, Adriana planeja compartilhar esse conhecimento único no Brasil, oferecendo cursos para iniciantes.

“Sim, claro. Eu acabei de chegar da França, com 2 formações sobre degustação intuitiva, degustação geosensorial. Eu sou a única profissional, única sommelière que tem essa formação no Brasil. Eu quero poder trabalhar esse tipo de degustação associada à degustação analítica e os meus planos é conhecer, especializar cada vez mais porque o mundo do vinho te convida a conhecer, ele é infinito.”

Ela deixa um recado final aos amantes do vinho: “Prove sem julgamentos, cada paladar é único. O mundo do vinho é para compartilhar, não para julgar.”

“Prove, prove e não julgue. Se você conhece mais um pouquinho sobre o vinho, não julgue o amiguinho ao lado. Como você consegue beber vinho doce ? Não, cada um é cada um, cada paladar é um paladar, cada olfato é um olfato. Prove sem julgamentos, quem participa no mundo do vinho quer compartilhar e não julgar. Beba, conheça, descubra, estude, faça cursos, participe de degustações, de jantares harmonizados e é isso, muito obrigada.”

Adriana Louback, com sua paixão e conhecimento, nos convida a explorar o fascinante mundo dos vinhos com humildade e curiosidade. Para mais entrevistas inspiradoras, continue acompanhando o blog do Nosso Bistrô e para apreciarem um bom vinho com ótimas companhias venham nos visitar.